Acordar às 6 da manhã no frio da Cordilheira dos Andes não é fácil, ainda mais quando você já sabe que vai sofrer: 11 quilômetros de caminhada pelo Parque Nacional Altos de Lircay, em Vilches, pura subida e um joelhinho não tão amigo. Acordar cedo pra sofrer, ninguém merece – mas a gente gosta!
Gosta porque a recompensa seria incrível, a vista do Enladrillado é uma das mais lindas da região central do Chile e eu estava enrolando faz tempo pra ir pra lá. E eu admito que gosto do sofrimentozinho de caminhadas pra chegar num lugar lindo, é um masoquismo recompensado no final, acho válido.

As minhas histórias de vida aqui no Chile estão todas no Morando no Chile. Se você quer saber dos passeios, navegue aqui.
O negócio é que o acordar cedo não rendeu… Em Vilches, plena cordilheira, 6 da manhã e aquele frio de dormir com a lareira acesa e 4 cobertores, pensa na força de gravidade pra ficar na cama? Lutei contra as duas toneladas de cobertura quentinha e me levantei, coloquei a roupa de caminhada e as botas que estavam de férias desde Torres del Paine (e que me deram bolhas pelo descaso de 5 meses sem uso!), preparei a mochila com a comida pras 11 horas de caminhada, câmera a postos… alongar! Go!

Até a entrada da Reserva Nacional Altos de Lircay tem uma caminhadinha pra esquentar os motores. Dois quilômetros de pura subida antes de uma paradinha pra pagar a entrada. E um caminho de pura poeira. E carro subindo. Muito carro subindo em Vilches Alto pra essa hora da manhã. Estranho.
Bombeiros subindo. Carabineiros (= a polícia chilena).
Estranho.
E um pó de tirar mil tijolos do nariz (eca!). E carro passando voando. E subindo.
Até que uns policiais pararam e falaram com a gente. Tinha um montanhista perdido perto da reserva já tinha 10 dias e estava tudo fechado porque estavam a full na busca pelo indivíduo.
Lembra aquele filme 127 horas? Foi a primeira coisa que me veio à cabeça.
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Já que não deu certo? Bora andar sem rumo em Vilches?
Bom, já que não vai rolar o objetivo montanha, mudei o foco: que tal uma recompensa cafeteira pra uma caminhada de 4 quilômetros? Dá-lhe descida pra tomar um café num lugarzinho hippongo que sempre quis ir, que fica bem na frente da escola de Vilches.

Desce. Desce. Desce. Desce.
Felizes e contentes, a caminhada rendeu um café gostoso, um amigo cão e uns amigos rasta com idade de um dígito. Fofura.
E pro sobe, sobe, sobe, sobe, que preguiça!?
O bom é que os deuses da boa sorte colocaram um cartaz “MUSEU” na nossa frente e a curiosidade… Ah a curiosidade. Fomos!

Chegando lá demos de frente à cavalos, xadrez, peixes… Tudo feito de barro e pedras, obra de um artesão de viveu mais de 30 anos ali em Vilches, naquele lugarzinho só dele na cordilheira, criando peças cheias de vida e detalhes. Umas preciosidades! Em um museu que estava ali, sendo montado pelo filho que não queria deixar a história do pai morrer. Lindo.
Violão, contos, causos, histórias, arte… Dessas coisas que planejado não dá certo!


No final, voltei feliz pra cabaña. Sem conquistar a montanha e sem ter a sonhada vista acima das nuvens, mas com um cafezinho gostoso, uma bolha no pé e um pouco mais de chilenidade na vida.

PS: O montanhista foi encontrado depois de 12 dias perdido, estava com uma fratura na perna – não foi o 127 horas, mas foi quase.
Dayane Oliveira
15 de abril de 2016 at 13:12Camila, vi o aviso do post no snapchat 🙂 Adorei esse formato mais pessoal, espero que continue postando mais sobre o seu dia e aventuras. Abraços!
E que bom que o montanhista foi encontrado 🙂 🙂
Camila Lisboa
17 de abril de 2016 at 14:31Manda seu endereço pra mim no chat do snap ou no camila@omelhormesdoano.com 😉
Dayane Oliveira
22 de abril de 2016 at 16:24Respondi pelo snap 🙂