Copa do Mundo chegando e não tem como não lembrar: exatamente nesse momento, dias antes do início da copa, uma grande mudança veio. E como 4 anos podem mudar a sua vida…
Abrindo o coração: tava tudo uma merda mesmo
No fim de 2012 me transferiram do interior de São Paulo para Joinville, em teoria para trabalhar com uma área que era a minha cara. Sustentabilidade. Soa bonito, né? Na prática, era mais do mesmo. Papelada, propaganda e nenhuma mudança substancial. Foi pior do que continuar no ambiente machista de fábrica.
E numa cidade, que por mais que tenha carinho, não me acolheu assim tão calorosamente. Trocar o interior de São Paulo e os resquícios de vida universitária por uma cidade onde nem um oi eu conseguia no elevador do prédio… Foi difícil.
Além do que Joinville tem aquele clima nojento de chuva que não para mais hahaha. Acho que é o meu karma, já que Chiloé é IGUALZINHA ou até pior.
A libertação
Me mandaram embora 3 dias antes da abertura da copa. Foi o caos por umas horas… Me senti um lixo, incapaz, como eu ia pagar as minhas contas? Chorei pra cacete, mas passou.
Meu, eu tinha uma data na minha agenda. A data limite. Eu ia pedir as contas, mas me adiantaram isso. Por que merda eu tava me desesperando.
Respirei. Pensei. Me organizei.
E eu tenho uma sorte…
Já tinha uma passagem pra Lima comprada para agosto… em teoria era viagem de férias, que já tavam agendadas faz tempo. Queria fazer o norte do Peru, num roteirinho de 3 semanas. Tinha uns 40 dias pra arrumar a casa, mudar minhas coisas de Joinville pra garagem da minha mãe e arrumar a vida pra deixar essa viagem de 3 semanas meio indefinida.
A viagem de 100 dias…
Ou um pouco menos, talvez. Fiz um roteirinho de cidades que eu queria conhecer, fui pesquisando um pouco… Mas pode lembrar, por mais que fosse só 4 anos atrás: instagram era mato, blog de viagem era outra coisa e a vida era bem mais offline.
Voltei ao Peru, dessa vez com mais calma… conhecendo tudo com tranquilidade. Passei meu aniversário com um monte de gringos, num piquenique comunitário no meio do nada… ninguém sabia da data, mas eu não precisava contar pra ninguém. Chachapoyas foi a minha preferida porque de lá eu peguei outro ritmo.
Roteiro? Que roteiro?
Toda a viagem foi feita na base -> pegar ônibus de noite, chegar de manhã na cidade, dar uma volta e conseguir um hostel. Funcionou bem e quase não errei nas escolhas… (Acho que o único errado foi em Salento – bedbugs – mas não posso me arrepender, lá eu conheci companheiros de viagem inesquecíveis, que valeram as picadas hahaha).
Sim, eu que vivo deixando dicas de roteiro por aqui, fui na fé. Inclusive, acho que é isso que eu faço na maioria das viagens, viu… (Mas, quando puder, reserva com o link do blog do booking…ajuda mesmo!)
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De Chachapoyas pra frente eu parei com a “coceira dos 3 dias“, que antes eu achava que era coisa minha, mas atinge a maioria dos mochileiros. Dá 2 ou 3 dias na mesma cidade, pá, ônibus e próximo destino.
É aquela coisa que dá na gente de querer conhecer mais. De pintar mais destinos no mapa. De fazer o básico em cada cidade e dar os checks la lista que levamos. 2 ou 3 dias é o suficiente pra maioria. E tenho 2 anos de estatísticas do La Minga Hostel pra provar!
Pra mim não. Depois de Chachapoyas decidi que ia levar a vida mais tranquila. Que ia seguir o ritmo das coisas que eu queria mesmo fazer e não pensar no blog (sorry people), ou seguir o fluxo. Ia seguir o meu fluxo!
E fiquei ficando nos lugares… E aprendi que viajar, pra mim, é aproveitar as experiências. Parei com check list. Parei com o must go.
E agora, José?
Muita coisa mais aconteceu nessa viagem (tem post pra caramba, mas falta coisa ainda… 4 anos depois!). Mas em resumo: amei o Equador, me encantei com a Colômbia (tanto que voltei ano passado) e voltei pro Brasil com chikungunya. Não posso falar que achei que ia morrer, mas fiquei com medo de ficar com sequela… Foi um mês de uma dor que não desejo pra ninguém!
Mas serviu pra pensar… 2015 tava começando e eu podia voltar à vida de procurar emprego e voltar a ser engenheira. Mas Jericoacoara apareceu e fui ficar uns meses lá de voluntária. E o workaway veio pra mudar esse esquema de viagem.
Voluntariei por lá, vim pro Chile pra ficar um mês e… sigo até hoje!
De uma viagem pra gastar o seguro desemprego, fui pra uma viagem só na base de workaway e couchsurfing. Dessa viagem sem rumo, passei a dedicar só ao blog. Do blog, passei a querer um emprego mais fixo de novo. Nisso veio o La Minga Hostel, que já é a louca realidade por 2 anos…
Como 4 anos podem mudar a sua vida?
De viajante com roteiro a mochileira sem rumo. Mudei de país, de ritmo de vida, de profissão. E sem planos. Nunca imaginei, que em uma copa do mundo mais, eu estaria aqui no Chile. Nem sabia onde ficava Chiloé.
Todo esse caminho torto que eu fui tomando, trouxe a minha vida pra cá. Pro Chile que é um país maravilhoso, mas tem muitos pontos negativos também. Trabalhar 9 meses ao ano parece ser lindo, até você pensar em sair um fim de semana, mas deixar de lado porque vai trabalhar – como sempre – sábado e domingo. Viver num hostel é lindo, até você cansar dos gringos bagunceiros.
Cada dia é um 7×1 diferente. Já pensei em voltar pro Brasil umas mil vezes. Já pensei em voltar a vida de viajar indefinido. Óbvio…
Mas vale a pena! Sempre tem aquele mochileiro cheio de história pra contar, aquela pessoa que te deixa aquela referência linda no Booking, aquele esquema de jantar coletivo, o turno da noite que fica mais legal quando tem alguém pra tomar um vinho…
Esses 4 anos vieram para melhorar, mas a vida nunca é perfeita né? Eu aprendi a parar de planejar e deixar que a vida se decida um pouco sozinha, assim como as minhas viagens… Mas sempre vem a dúvida: será que essa vai continuar sendo a minha realidade daqui 4 anos? Será que vai dar certo? Onde vou estar dias antes da Copa em Dubai?
Em 4 anos mais tem mais post!
E você? Onde estava a 4 anos atrás? E o que vai fazer para mudar a sua realidade pros próximos 4? Divide a sua história comigo nos comentários 🙂
Alguns outros posts de pensamentos aleatórios e histórias de viagem que podem te interessar:
- Os melhores meses do ano (o post de 4 anos atrás!)
- Diário de workaway: trabalhando em uma chocolateria em Puerto Varas
- Workaway é confiável?
- Chikungunya: o dia que fiquei doente viajando
- Músicas mochilão 2014
- [Meus roteiros] Peru de sul a norte em 42 dias
- [Meus roteiros] Equador pelas montanhas em 22 dias
- [Meus roteiros] Colômbia do café ao caribe em 38 dias
Ariane
24 de agosto de 2018 at 17:11Há 4 anos eu estava na mesma empresa que vc e não muito tempo depois me mandaram embora também hahaha. Mas acho que foi a melhor coisa que me aconteceu. Vim morar no interior de SP (amo, muito mais ensolarado), casei com o menino que já era meu amado e que nessa época tava morando longe de mim, continuei na vida corporativa (que eu ainda adoro) mas segui num rumo de carreira bem mais legal, e é isso aí!
Camila Lisboa
25 de agosto de 2018 at 13:09A benção que as demissões da empresa que não vou nomear (rs) nos trouxe na vida <3
Paula Brum
21 de junho de 2018 at 16:10Bah, como mudou.
Estava num relacionamento há dezesseis anos, curtindo jogos da Copa pelo Brasil, fazendo planos a dois e tentando aproveitar o bom momento. Hoje estou recomeçando, vivendo numa casa que é muito mais a minha cara, fazendo novos planos e buscando levezas. E a Copa? Confesso que ainda não bateu por aqui, mas quem sabe se o Brasil começar a ganhar uns jogos, né?!
Abraços querida, adoro sua história.
Michela Borges Nunes
17 de junho de 2018 at 10:00Uau, que história Camila! Eu lembro do início do teu hostel e veja só, já fazem 2 anos!! Tu és corajosa, menina, parabéns! Eu sou mais conservadora, mas muitas vezes tenho vontade de jogar tudo para o alto e dar aquela mudada brusca de vida. Mas aí lembro que tenho 2 filhas que ainda dependem de mim, e vou deixando. Quem sabe no futuro? Beijos e boa sorte!
Helen Waldemarin
14 de junho de 2018 at 00:16Adorei!!! Incrível ver as voltas que a vida dá junto com o mundo, ne?! 😊
Espero que na próxima volta consiga ir te visitar em Chiloe! Quero muito voltar la, agora com mais tempo… 😉
Camila Lisboa
14 de junho de 2018 at 12:04Exatamente… a gente nem vê e tá tudo de cabeça pra baixo!
Deivson
13 de junho de 2018 at 19:23Que história heim! inspiradora demais!
Camila Lisboa
14 de junho de 2018 at 12:03🙂 obrigada 😉
Gabriela
13 de junho de 2018 at 18:41Amei ler, Ca! Ha 4 anos estava em SP, planejando a primeira ida para Barcelona, meu casamento, tudo… agora moro em Barcelona, to casada, e num momento de mega crise profissional. Curiosa pra saber como estarei em 4 anos!
Camila Lisboa
15 de junho de 2018 at 13:47Torrcendo aqui pra que essa crise passe logo! 🙂 As vezes a gente não ve a luz, mas aí a vida vem e surpreende a gente 😉
Murilo Pagani
13 de junho de 2018 at 17:38Que demaaais!!! Estava pensando nisso justamente essa semana pelo mesmo motivo!! hahahaha
Na última copa assisti metade dos jogos no Brasil e metade na Colômbia. Inclusive, vi eliminarmos a Colômbia no Parque Lleras! E assisti o 7×1 com uma alemã que dividia ap comigo! hahaha
Voltei ao Brasil em 2015, também com a ideia de trabalhar novamente na área de engenharia, mas acabei que fui empurrando, empurrando e abandonei de vez (eu acho!).
Enfim, 4 anos pode parecer pouco, mas pode dar uma baita reviravolta nas nossas vidas!
Abraço!
Camila Lisboa
15 de junho de 2018 at 13:50Cada vez mais acho mais exemplos de que a copa muda tudo hahahaha tomara que na próxima a gente esteja melhor ainda 🙂